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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Você conhece a sua própria casa?



De saída para casa parei para escutar num bar próximo a notícia catastrófica que as Tv's anunciavam: a nossa queridíssima Vanusa havia errado a letra do Hino Nacional Brasileiro. Trechos do vídeo foram exibidos a fim de ressaltar o total desleixo e, talvez, má sorte, que acompanhavam a cantora neste momento tão importante no cenário nacional e eu estava ali, como diz uma amiga merachandoderir...

Tava dando hora pra ele me buscar e neste meio tempo pensava em como as coisas estavam tão diferentes: é banana comendo macaco, é poste fazendo xixi em cachorro, é Sarney incorporando o "quem tira onda é eu" (e reparem na concordância!!!), é Vanusa cantando o hino nacional errado e alegando estar em estado anestésico por causa do remédio pra labirintite... Vá entender o Brasil!


O telefone toca e da outra linha:


- Tas aonde?

- Aqui amorzinho, perto do bar de Seu Américo. E você?

- Quase ai. Daqui a pouco te ligo, quando tiver mais perto.

- Tá bom!


Os comentários, a esse momento, eram inúmeros. Uns engraçados, outros dramáticos. Cada qual tinha seu fundo de verdade e o seu instante de devaneio. Eu, entretanto, me pegava pensando em como o Brasil têm me decepcionado... As pessoas, os gestos, as atitudes, os desejos, o futuro: tudo tava me levando a crer que lutar pela educação e melhoria do país era um sonho falido e eu começava a pensar no que deveria fazer dali pra frente.

Era realmente difícil pra mim aceitar em como as coisas se tornam tão desprezíveis nas mãos de pessoas erradas, como a vida adulta traz traumas ao ser, quando este tem de se tornar parte de um sistema sujo, inútil, evasivo e incapaz de transformar ou fazer refletir a realidade; tava complicado entender que enquantos muitos lutam para sobreviver, outros farram com o nosso suor... Que enquanto a inocência se apresenta de forma sutil e, inocente, muitos revelam a aspereza e imundície de caráter declarando os direitos humanos como forma de esconder a covardia que existe em seus corações fracos e carentes de amor.

É por isso que acredito na bíblia.
Ela diz que "Cristo veio para os aflitos, para os oprimidos"... E, sem dúvida, pessoas que agem assim precisam de algo maior em suas vidas.

Não Vanusa.
Quem dera ela concentrasse todo o problema da nação!
Ela era mera coadjuvante. Parte de um circo maior...

Enquanto pensava nestas coisas, fui me dirigindo próximo à rua 17 de esquina com o bar de Seu Américo quando, de repente escutei algo parecido com uma discussão de um homem aparentando ser de classe humilde, pobre mesmo, com outro que estava, acredito, tomando conta dos carros da rua 17. Nada curiosa, parei defronte a um carro preto e me debrucei na conversa, a fim de saber o que estava acontecendo. Foi mais ou menos assim:


- Eu disse a ele que ele tivesse vergonha na cara! Que ele fosse homem e assumisse as responsabilidade de homi que é. - Disse o homem aparentando ser pobre.

- Calma, Zé!

- Calma o quê! Ele já tava passando dos limite e eu falei pra ele que não ia mais aturar homem vagabundo na minha casa. Homi que é homi tem que ser honesto, trabalhar pra se sustentar. Há vinte ano que eu tô aqui catando papelão e nunca fui desonesto com ninguém e olhe que já passei por muitas, Biu. Num tá certo essa vida que ele leva e eu não vou passar a mão na cabeça dele, não! Ele que vá ser safado em outro lugar porque na minha casa só fica quem é homi direito e que paga as conta, ali tin-tin por tin-tin, sem devê nada a ninguém. Eu num devo! E quem é exempru pra ele? A rua?


Biu não disse uma palavra sequer.
Nem eu escutei mais o teor da conversa.

Fiquei imaginando o que esse homem (a 3ª pessoa da conversa - de quem se fala-) teria feito pra deixar Seu Zé tão desconsolado e irritado.

Boa coisa não era! Disso eu tinha certeza!

E, então, lembrei-me das palavras do sábio, da pequena parábola escrita por Paulo Coelho (do livro "O alquimista"), ditas ao filho do mercador: "Não podes confiar num homem se não conheceres a sua casa." E quanta verdade há nisso! Pensei, então, que a maioria dos problemas humanos reside na sua própria casa, na estrutura familiar, na formação do caráter desde os anos iniciais da vida. De fato, quem não conhece a própria casa não pode fazer nada para mudar o que está fora dela, muito menos criticar...


O telefone toca novamente.


- Oi!

- Já tô aqui... Vem pela rua 17 que te pego.

- Anham.


E o caminho até a porta do carro foi o necessário para que eu entendesse, finalmente, que também eu não conhecia a minha própria casa. E quantas famílias não se conhecem! É por isso que tem tanta gente fazendo merda por ai (Desculpe! Se eu não falasse isso, explodiria!)... Tanta gente cultivando ódio no coração... Tanta gente sem perdoar o outro... Tanta gente infeliz, roubando o que é alheio... Tanta gente vivendo às custas das desgraças dos outros e pensando que assim se é feliz... É por isso que tem tanta gente presa... Tanta gente fazendo o que é mal... Tanta gente se acabando na cachaça achando que isso é vida! Tanta gente iludida... Sem esperanças... Entregue ao vicio... É por isso que tanta gente erra, inclusive a letra do Hino Nacional: porque não conhece a sua própria casa!


Minto.


Seu Zé conhecia a sua casa. Uma agulha no palheiro. Não iria admitir os insucessos e safadezas da vida leviana do homem citado, que eu imaginei que fosse seu filho.


Seu Zé me devolveu as esperanças de uma humanidade mais justa. Ele no meio de tantos, foi suficiente pra me mostrar que o homem vale o que é e não a imagem que rotula em si.



- Que foi, minha little?

- Não posso mais continuar com você!

- Oush. Que papo é esse? Você tava boazinha agorinha. Vai, vâmo sair pra distrair.

- Não dá. Volte pra sua esposa e a faça feliz. Cuide de sua casa que eu preciso cuidar da minha.

- Ei, Lillte! Volta aqui...


Minhas e outras histórias. By Tali Mota
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Copie esta imagem em seu computador e aprenda a cantar o Hino Nacional.
Conheça o Hino do seu país!
Ai está uma breve explicação sobre a música.
Seja brasileiro nos anos em que não há copa do mundo!
Com meus profundos sentimentos...
Tali Mota:)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Duas cervejas, amassos e muito axé music

Ela já estava inquieta esperando a hora dele chegar...


Marcaram às 2h30 da madrugada, mas era de se esperar que ele se atrasasse um pouco. Todavia, ainda nem dera a hora dele chegar e ela já estava impaciente; olhava a todo momento para os ponteiros que regem a vida e seu corpo balançava de tal forma que segurou-se em si mesma e pensava que ficar fora de controle de nada adiantaria.


Vamos aos nomes. Nina e Luis Leco. Este, conhecido apenas por seu apelido LECO, não era convidado da festa, mas Nina, no íntimo, desejava que fosse... Era festa de sua prima Juliana de 15 anos. Nina acabara de completar 17 e sua mente, definitivamente não estava naquele ambiente.


2h30. Nada


2h57 chega Leco com um carrão na rua adjacente ao local onde estava acontecendo a festividade e diga-se de passagem... Que lugar!

Era numa casa de festa que apontava para o lindo oceano atlântico. Era primavera e as flores realçaram nos olhos de Nina ao ver o celular tocando. Estava apaixonada! Iria admitir naquela noite... Talvez o motivo de tanta ansiedade!

Sem pestanejar, mas ao mesmo tempo cautelosa, dirigiu-se ao bar e pegou duas cervejas bem geladinhas, daquelas que descem redondo; sem ser vista, tentou sair pelo portão que dá acesso à praia e de súbito, percebeu que enfim estava chegando o grande momento...


- Vem pela praia. Estou indo em direção à praça do Sol... Vem nesta direção!!!


E enquanto a temperatura da cerveja na lata se misturava com a do ambiente, ela retorcia os lábios, ajeitava os cabelos que lutavam ardentemente contra os ventos da maresia e de uma noite que ela julgava tão especial e enfim, pôde perceber lá longe uma sombra...


- É ele!


Notaram-se na escuridão dos céus de Recife.


Louca e ardendo em paixão, Nina corre na direção dos braços fortes de Leco e como num filme desses de romance, os dois se abraçam, se beijam e se amam nas "águas infindas, onde se plantando, tudo dá..." de meu querido amigo Pero Vaz de Caminha.


- Eu estou completamente apaixonada por você!

- Sério? Diz de um jeito pouco hospitaleiro.

- Anham.


A festa ainda continuava rolando, mas ninguém havia ainda dado a falta de Nina. De onde estavam dava pra escutar as músicas que animavam a festa...


- "... Seu amor é a minha cura, é doce paixão... Ninguém segura!!! Eu amo essa música! Ah! É a nossa cara!


E quando a música recomeçou ela foi no embalo...


[Caro Leitor, o texto se dará na sua completude se você também começar a escutar a música agora...Portanto,acesse: http://www.kboing.com.br/script/radioonline/busca_artista.php?artista=babadonovo&cat=music e escolha a música DOCE PAIXÃO!!! Escolha abrir em uma nova janela.]


"Toda vez que eu te vejo
O meu coração dispara
Perco a fala quando você está perto.
Se você me pede um beijo
Fico louca de desejo
Eu viajo ao paraíso
Vou de carona na luz dos teus olhos
Te quero tanto
A verdade é que...
Toda vez que eu te vejo
O meu coração dispara
Perco a fala quando você está perto.
Se você me pede um beijo
Fico louca de desejo
Eu viajo ao paraíso
Vou de carona na luz dos teus olhos
Te quero tanto
A verdade é que...
Seu amor, é a minha cura
É doce paixão
Ninguém segura
OÔo ooooooooo...."



- Olha. Eu acho que é melhor você voltar... Vão sentir logo a sua falta!!!


- Oush! Vão nada! Eles estão distraídos... Cuidei para que ninguém me notasse e também...


- Sabe o que é? Não posso mais mentir pra você...


- Porr... Lá vem merda! Pensou quase que em voz alta.


- Eu tô namorando.


SILÊNCIO!!!


- Na verdade, eu ia te contar mas é que...


Ela nada pronunciou.


- ... que não tava tendo coragem e também tava gostando de ficar com você...


- Não acredito que vocês voltaram!!!


- Desculpe! Acho melhor você voltar.


E desenlaçou os cabelos escuros e longos de Nina de seus braços. Deu de ombros e tomou o resto da cerveja.


Nina não acreditava no que estava acabando de acontecer. Não podia ser real!


E caminhando lentamente, voltou à festa. Pegou uma dose de Uísque e bebeu todo de uma vez que era pra anestesiar sua dor precária e sentimentalista de um ser, que aos poucos notara, era desprezível.


E não pôde se conter ao que seus olhos acabavam de registrar: era ele! De fato, não era mais pressentimento e, isto, Nina constatava a cada passo que Leco dava no salão.


- Feliz aniversário, minha princesa!


Os olhos de Nina cegaram e nunca mais esqueceu da sua primeira noite de amor...


De sua primeira vez!!!



Mas, ficou a lição: nem sempre os convidados são os mais importantes numa festa. Duas latas de cervejas não embriagam, Claudia Leitte não é trilha sonora de amor, a paixão só deixa as pessoas mais vulneráveis a atender aos instintos animalescos de outrem e, deveras, fazer amor com camisinha evita a gravidez...



Minhas e Outras histórias. By Tali Mota