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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Gestos Delicados




Linda, qual forma sólida e retraída de intimidade te intimida

De tal forma que não escondes a verdade dos teus gestos delicados

Com o teu cheiro que embriaga vindo de aromas raros me embriago...

E me vejo nesse mundo tão privado, teu espaço,

Onde tu és quem quiseres...

Nessa vida tu demonstras o carinho em teu olhar que ao mundo intriga




Por ser teu, só teu desejo se faz fato consumado

Pois é fato que és imagem quase um tanto que divina

Por tua luz que não só brilha pra cegar olhos alheios

A riqueza do teu brilho me faz mais do que feliz

Por saber que em minha vida tu deixastes teu sorriso

E que eu durmo todo dia com a lembrança da tua voz...




Teu nome me marcou de forma tal que não esqueço

Que faz um vestígio de voz tentar um grito desinibido

Que Faz um acorde incompleto soar no mais perfeito timbre

Posso ser mais um poeta a te dizer coisas bonitas,

mas vejo na obrigação de te dizer o quanto és... Você





..............................Feita pra você. By Otavio Alcantara

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

PAIXÃO: o pretérito imperfeito da minha vida


Sim.


Já sou alfabetizada e mais do que ninguém sei que a palavra “paixão” não corresponde a um verbo para poder ser conjugado no pretérito imperfeito. É um substantivo dito como abstrato e para mim, de fato, é! Mais do que isto: é o pretérito imperfeito da minha vida! Causa de conflitos internos, de reflexões acerca do que sinto, de levar à risca o que meu amigo Sócrates disse uma vez, talvez acabando de viver uma paixão, “Conhece-te a ti mesmo”; causa que me rende bons textos.
Estou vivendo mais uma paixão!


E sinto que, mais uma vez, ela não será PERFEITA, embora os acontecimentos estejam me provando o contrário. Planejar algo que nunca poderá ser vivido intensamente não é uma boa forma de viver a vida...

Ando percebendo que o CARPE DIEM não é o meu lema de vida.
Eu não vivo intensamente!

Eu espero sempre um amanhã. Penso que dá pra agüentar mais algumas horinhas e esperar ele me ligar, me chamar de “gatinha”, dizer que sente minha falta, que quer sair logo dali e me levar junto, que não vê a hora de beijar minha boca...

Penso que devem existir pessoas que vivem o que prega o CARPE DIEM...
DE VEZ EM QUANDO, claro!

Ninguém consegue realmente ser pleno em tudo o que faz, senão não existiriam famílias, empregos, vida social. A vida é feita nos seus pormenores, no momento exato em que se erra, quando não se é pleno. A vida existe e perdura no seu pretérito, que é sempre imperfeito. Nunca concluído.

Discordo quando se conjetura a existência do pretérito PERFEITO.
Pra mim, não!

Na minha vida tudo não passou de um projeto não-finalizado, interrompido por algo ou alguém que, da mesma forma, é/está inacabado... E quão difícil tem sido encarar esta realidade!

Lembro-me de quando precisei tomar meu rumo depois que acabou o período escolar... Sofri demais! E, um amigo meu, em confidência, revelou-me que a vida é isto mesmo: um emaranhado de experiências que se intercalam ora entre si ora pelo mundo exterior a nós, porém (e sempre tem o PORÉM!) não vive em si mesma o tempo todo. É necessário que se viva outras coisas e que se guarde o que de bom ficou delas.

Mas, o que fazer com essa minha paixão?
O que fazer com toda esta loucura?
Quanto vale um devaneio?



Quanto vale um devaneio?

Se é que é devaneio!!!


Não sei suportar o que é viver algo que nunca está acabado e que nunca irá ter fim!


Não dá pra suportar vê-lo indo embora quando ainda não respondeu o que sente por mim... De verdade!



Não dá pra agüentar olhar pra ele e não poder dizer que adoro quando ele inventa aqueles truques que deixa todo mundo rindo...


Não dá pra ficar feliz quando ele me diz “Então, gatinha, dorme bem e até amanhã!”, quando o que eu queria era passar a noite toda com ele, nem que fosse só ouvindo a sua voz...


Não dá pra ficar de frente pra ele e ter que pôr em prática o tal do domínio próprio quando minha vontade era de agarrá-lo e dizer que sinto falta quando o mundo só parece abrigar nós dois na imensidão dos nossos desejos impulsivos e sufocantes, na imensidão dos meus olhos quando encontra os dele, sem jeito...


Não dá pra saber da vida dele e não poder participar nem contribuir em nada...


É difícil manter a compostura, manter-me sempre séria quando o que meu desejo mais pede é a companhia de seu sorriso...


É de morrer ficar esperando ele chegar com aquele cheiro que parece que ele preparou especialmente em minha homenagem e ter de me contentar em dizer apenas “... E você, cheiroso!!!”


É duro ouvir as palavras que ele me profere quando quer me advertir que é melhor que façamos isto ou aquilo quando me dá vontade de jogar tudo pro ar e dizer “Sabe de uma coisa? Que o mundo se dane!!!” E como diz a música de Exaltasamba “Eu não quero nem saber... Quero amar você!!!”


É de doer na alma a simples ideia de que ele pode, um dia, ir embora e nunca mais voltar alegando que já deu... Que assim é melhor pra nós dois! Que foi bom enquanto durou e que eu preciso seguir a minha vida...
Seguir minha vida mais uma vez...



***


E assim o pretérito da minha vida continuaria IMPERFEITO! Sem previsão para término, preso ao passado... A eterna dúvida que compete às reticências, que se solidifica nas desinências modo-temporais dos verbos do pretérito imperfeito e que coloca a minha vida de volta à estaca 0. Do mesmo ponto onde outrora fora a largada.

As paixões devem constituir numa espécie de treino. Devem ter como objetivo identificar até onde o ser consegue se equilibrar e até que ponto não consegue mais...

Que elas digam em que pé estou e que me preparem pro imperfeito que sempre me aguarda!



E, já que nada é PERFEITO...
Que eu viva a imperfeição de sentimentos tão perfeitos, mestre do divino compasso das orquestras!!!

Minhas e outras histórias. By Tali Mota.


quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Posso ler sua mão?

Grande coisa!
Isso é lá coisa que se diga quando se quer rolo com uma menina?
Era mais pra chamar a atenção. Depois disse-me isto mesmo, refutando que já estava desesperado pra chamar minha atenção e que, ao contrário do que eu lhe dissera, não era mera zoação... Era uma forma de dizer "Ei, estou aqui! Você pode me ver?"
Era tesão!
E isso já contava meses.
Fiquei surpresa. Ele não era absolutamente lindo... Nem chegava a tanto! Mas, incrivelmente despertou em mim o ato, o FATO de eu estar viva e por mais ridicula, engraçada que o "Posso ler sua mão?" se apresentasse, ainda isso me faria sentir viva... DE NOVO!!!
- Claro!
- Hum... Deixe-me ver o que tem escrito aqui... Que letra deve ter? Eita! ACHEI! Tem a letra M.
O nome dele era Mauricio.
- É mesmo! Eu nunca tinha notado!!! E onde é que tá a letra M ai?
- Aqui, Óh! Disse apontando para uns dois traços meio paralelos, meio curvos, meio nadaavercomaletraM.
Ele sorriu.
Eu também.
- E ai? O que tens feito da vida?
- Trabalhando. Trabalhando o tempo todo. Eu estou realmente cansada hoje...
- Hum! Cansada neh?
- Anham.
Are!
Fiquei tão sem graça como no dia em que o coleguinha da escola abaixou a minha saia na frente dos outros na sala de aula quando tinha apenas 6 anos.
Nem de perto pareceu, mas ele de alguma forma me despiu.
...
Ele não só leu a minha mão como me convidou para beber alguma coisa. Também aceitou com carinho minhas mensagens de texto - "Eu adorei a mensagem que você me enviou!!!"
Com muito respeito levou-me ao seu recanto (que descobri ser o meu também) de reflexão sobre a vida, a existência... O de contemplar e admirar a vida, a obra do Criador; com profunda destreza soube recolher-me em seus braços, me fazer de gato e sapato e fazer-me sua depois de eu tanto relutar. Ainda me fez comer esfirras com coca-cola entocada debaixo de uma árvore num lugar que eu provavelmente não sabia nem encontrar no Google Earth. Contou-me de sua vida, de suas traquinagens e de sua vida tão corrida, mestre do divino compasso das orquestras, dos cachorros que assustam ladrões, das aventuras tidas como vacinas.
Ele, que me preparou em surpresa (talvez até imperceptivelmente) as roupas em cima da cama inenarravelmente de forma que, ao sair do banho, não pude me conter em tamanha gentileza. Ele, que não para no lugar quieto, que me deu trabalho, que massegeou os dedos dos meus pés com uma ferramenta pouco usual. Ele, que tirou água com o "balde" de lixo... Que me fez rir, que prefere não se envolver, que fez da minha tarde um lugar de alegrias inefáveis.
À ele, que leu a minha mão...
Minhas e outras histórias. By Tali Mota

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Seis pais-nossos por uma caderneta

- E agora? A diretora me disse que eu não entrasse na sala de aula sem a caderneta; muito menos permitia que os alunos tivessem a noção que eu tinha esquecido a bendita... E agora? Os meninos não podem perceber... - Era o que repetia o professor incansavelmente e frustado por ter esquecido, na sala dos professores, a tal da caderneta. - Preciso dar um jeito de resolver isso logo!
Sempre que o professor chegava na sala fazia questão de manter um ritual aderido desde o início do ano por boa parte das turmas em que ele dava aula e consistia no seguinte:
1ª coisa - rezar o pai-nosso
2ª coisa - dar a aula
3ª coisa - fazer tarefas e/ou perguntas aos alunos.
É claro que um dia ele priorizava a leitura dos textos de ciências (a matéria que leciona), outros preferia fazer debate, brincadeiras educativas, etc. De qualquer modo o PAI-NOSSO era o lugar-comum em meio a tantas atividades. Era algo essencial. Não podia deixar de acontecer.
- Pelo menos assim eu acalmo os alunos além de incutir a presença de DEUS na sala. Boa tática o professor usava. Batamos palmas!!!
Entretanto, neste dia o professor não contava que logo ela, a caderneta, ele tinha esquecido. E algo em sua mente dizia que ele precisava tomar alguma atitude.
Neste meio tempo, os estudantes já estavam rezando o pai-nosso e logo mais a oração iria acabar. Era agora:
- Por que você não está rezando o pai-nosso? Gritou o professor com apenas três alunos que não haviam falado em voz alta a oração e a turma toda se encheu de pânico, afinal, o professor nunca havia falado daquele jeito antes. - Vocês não têm vergonha? Acham que a oração é brincadeira? - E à cada interrogativa, sua voz se elevava de modo monstruoso. - Eu tenho notado que vocês três não têm rezado o pai-nosso... Pois agora, como pagamento pela forma desonrosa que estão tratando este ritual, vocês irão rezar com o restante da turma seis pais-nossos de modo que se não rezarem eu mando descer pra diretoria... Me ouviram?
- Simmmmmmmm!!! Disseram os alunos morrendo de medo.
- Pois vamos começar agora.
- "Pai-nosso que estás no céu, santificado seja o Vosso nome..."
E o professor vendo a turma concentrada e de olhos fechados, correu à sala dos professores e pegou a caderneta rapidamente. Temia que os meninos e meninas tivessem aberto os olhos.
- Se eles virem que eu não estou lá to fud... Mas poxa, eles vão ter que me desculpar... Eu não queria fazer isso, mas não tive escolha!!! - Pensava enquanto corria.
Chegando à porta da sala...
- ... E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal...
- AMÉM!!! Respirou o professor aliviado...
[É cada coisa que acontece na escola... By Tali Mota ]



sábado, 8 de agosto de 2009

Agiste certo sem querer... Foi só o tempo que errou!!!

Um dia desses eu era uma criança.


Ainda guardo as recordações da vida infantil como se fossem as jóias mais raras deste mundo. E decerto,pra mim são!


Das coisas infantis lembro-me com muita alegria dos preparativos da escola para o dia dos pais; faziamos sempre gravatinha com o nome do papai, desenhos que revelavam o que o nosso pai era pra nós naquele momento e pra mim, em especial e o que eu mais gostava, eram as cartinhas que produzíamos com dizeres simples mas puros, encharcados de inocência e amor inerente à relação traçada entre pais e filhos da minha geração. Pelo menos era assim na minha escola.




Ah!


E quando chegava o dia dos pais?


Quando chegava o dia dos pais era o melhor dia!


Meu pai pegava no presente com gosto, como se fosse a coisa mais preciosa que já tinha tido a oportunidade de tocar... E o que era o presente? As gravatinhas com o nome dele e com a frase universal "EU TE AMO!!!"...


Uma coisa de que nunca esquecerei é que, como era muito criança e minha mãe nunca comprava presentes mesmo pra ele, a cartinha que ele abria e lia com tanto carinho continha uma justificativa muito plausível e irrefutável. Era mais ou menos assim:


"...Painho, como não tive dinheiro pra comprar seu presente fiz esta cartinha... Espero que o sr. goste!"


E no ano seguinte:


"... Painho, mais uma vez não tive como comprar seu presente, mas fiz esta cartinha com muito AMOR. Espero que o sr. goste e entenda!"


ELE SEMPRE ENTENDIA!


E assim, os anos foram passando...


Meu pai se mostrava herói, forte, sempre honesto, alguém que me amava mais do que tudo e que estava sempre disposto a cuidar de mim e das minhas irmãs. Ele erguia com orgulho o troféu de "SER SEMPRE UM PAI PRESENTE!" e cada vez mais eu me sentia honrada por ter nascido filha de um homem tão importante e tão presente. E olhe que o mundo é muito grande!


Com ele aprendi a falar aos 8 anos de idade "What's your name?", "My name's Natali". Aprendi a gostar de Legião Urbana, de refletir sobre a vida e seus mistérios, aprendi a gostar das letras... Aprendi a ser organizada, a torcer pelo melhor time de Pernambuco (O NÁUTICO!!!), a ter ambição e vontade de crescer na vida. Aprendi a contar piadas, pelo menos as dele eu sabia de cor. Por ele conheci "Pão de Bico" e as histórias da gente sofrida que como ele queria traçar um rumo melhor para o futuro.


Meu pai deu-me tudo o que não teve!


E ele, por todo este tempo, garantiu a vaga de TITULAR na minha vida...


Mas, como eu havia falado...


O tempo foi passando...


Tornei-me adulta.


E mesmo vivendo face ao terror que nos rodeia diariamente sabia que se eu precisasse de alguma coisa, de alguém, ali estava o meu PAI pronto a meu ajudar.


Só que eu comecei a ver que ele não era tão perfeito e isso já contava algum tempo...


Mesmo assim, quando algo me deixava triste eu superava porque sabia que sua intenção era sempre a melhor e ele só queria me fazer bem.


"Eu só quero te proteger!!!". Era o que ele sempre me dizia quando me proibia de alguma coisa ou reclamava quando achava que eu fazia algo errado...






Ontem ele foi embora e só um pensamento não me saia da cabeça:


ELE SÓ QUERIA ME PROTEGER!




Ainda passo noites pensando no que esta assertiva tem de verdadeira e de suas consequências...


Na verdade, eu sinto a falta dele!


Só queria que ele partilhasse mais da minha vida... Fizesse jus ao SER PRESENTE de fato e de direito.


Sinto falta das noites de gargalhadas onde eu tinha orgulho de esbanjar o pai legal e lindo que ele era...


Dos filmes que assistíamos, dos conselhos ao pé da porta da casa da minha avó, das manhãs no Sesc e no almoço dividido...


Das conversas da madrugada, da sua barriga que descobri ser o melhor travesseiro deste mundo e até dos carinhos que deixavam minha pele irritada no outro dia...


Eu só queria meu PAI de volta!


Só isso!




***




Painho:




Só tentei este tempo todo ser uma boa filha. Alguém em que você pudesse confiar e ter orgulho.


Alguém que merecesse o seu respeito e fé de que o mundo poderia ser melhor.


Te poupei de sofrimentos, mesmo mentindo!


Nunca tive má intenção.


Estive com o sr. nos piores momentos da sua vida e vi o sr. chorar e a única coisa que eu pensava é que um dia queria te dar mais alegrias do que a tristeza daquele momento.


Uma vez eu fui na loja que o sr. trabalha...


O sr. sempre atento e correndo para garantir o pão de cada dia. A gente se falou e eu fui embora pra faculdade; enquanto eu ia pela rua pensava que um dia ia te levar pra Disney e te proporcionar todo o conforto que eu pudesse dar... "Mas, pra isso eu tenho que estudar muito..." Era o que eu pensava enquanto andava e lágrimas corriam pelos meus olhos, como agora.


Desculpe se não sou uma boa filha, se tenho te decepcionado.


Desculpe por ter CRESCIDO!


Não queria causar tanto sofrimento...




Só queria dizer que o sr. tem me ensinado a ser alguém mais forte, capaz de superar todas as adversidades desta vida; que me esforço pra ser uma boa aluna só pra ouvir o sr. dizer "Essa é Natali de Paula" e que, apesar de eu não concordar com muitas de suas posturas, te respeito e zelei todo este tempo por nossa relação conseguir perdurar um EU TE AMO e um beijo no rosto, o melhor de todos os beijos...




Tanta coisa eu queria dizer...


Mas,


acho que esta frase pode resumir:




EU TE AMO É POUCO PRA QUEM ME INSPIRA A VIDA!!!!




Entre nós não houve culpados.




O sr. agiu certo sem querer...


Foi só o tempo que errou!!!




FELIZ DIA DOS PAIS!!!



FELIZ DIA DOS PAIS!!!



FELIZ DIA DOS PAIS!!!






O sr. é ainda o meu HERÓI!!!





Será pra sempre...

Natali de Paula.